A Jornada

HISTÓRICO

A Jornada Científica foi criada em 1966 por alunos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, tendo sido idealizada em moldes semelhantes aos atuais. Inicialmente, foi realizada no litoral sul paulista, abrangendo, por exemplo, a cidade de Peruíbe, SP. Seguiu então rumo ao interior paulista e à região sul de Minas Gerais.

No final da década de 70, devido ao surgimento do Projeto Rondon e à ditadura militar, foi interrompida.

Em 2003, alguns acadêmicos, em conjunto com professores, retomaram a Jornada. O projeto atuou desde então nas cidades de São Miguel do Arcanjo, em São Paulo e em Olhos d’Água, norte de Minas Gerais.

Em janeiro de 2008 os trabalhos na cidade de Córrego Fundo, no sul de Minas Gerais, foram iniciados. A cidade já recebeu os jornadeiros pela segunda vez em 2009, pela terceira vez em janeiro de 2010 e pela última vez em janeiro de 2011.

Em 2012 a Jornada volta ao estado de São Paulo na cidade de Canitar. E em 2013 vai para o município de Santa Cruz da Esperança, onde está se preparando pra ir novamente!

A JORNADA

É um projeto de extensão universitária que caracteriza-se pela prestação de serviços voluntários de assistência farmacêutica à comunidade de uma cidade carente, na tentativa de melhorar as condições de vida da mesma, buscando soluções locais. Visa também proporcionar aprendizado científico, humanitário e social aos alunos participantes.

O projeto é organizado durante o ano por uma coordenação formada por alunos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, e conta com o apoio de uma professora orientadora e uma farmacêutica responsável. Vários alunos participam de treinamentos durante o ano e uma prova seleciona o grupo de aproximadamente 42 graduandos que realizará a viagem. Este grupo é divido em duas áreas: trabalho de campo e parasitologia.


CAMPO

Na área de campo os jornadeiros são divididos em duplas, cada uma recebendo uma lista de casas a serem atendidas em diferentes áreas da cidade.

As crianças participantes do projeto são escolhidas por faixa etária. Todas as famílias que possuírem crianças com essas idades serão convidadas e receberão ao menos três visitas.

Na primeira delas a dupla de jornadeiros apresenta o projeto, explica o que será feito e convida a participarem. Há entrega do termo de consentimento e do pote coletor de fezes.

A segunda visita é então marcada e nela ocorre a aplicação do questionário socioeconômico. São perguntas simples, conduzidas em forma de conversa, visando conhecer melhor os hábitos da população e identificar pontos que possam aumentar o risco de infecções parasitárias, além de obter um panorama geral da cidade com alguns dados sobre abastecimento de água e rede de esgoto.

Na terceira visita são entregues os resultados do exame coproparasitológico , realizado no laboratório de parasito, e do exame de anemia, realizado durante as campanhas. Juntamente com a entrega dos laudos, é realizada a orientação, com explicações simples sobre cuidados com alimentação, higiene e profilaxia das doenças parasitárias.

Caso o resultado do exame de fezes da criança seja positivo, todas as pessoas da família recebem o pote coletor e são convidadas a realizar o mesmo exame. A via de contágio é simples e, portanto, com uma pessoa contaminada na casa existem grandes chances de outros também estarem infectados.

Durante o primeiro ano do projeto na cidade de Córrego Fundo – MG, percebeu-se que havia grande uso de medicamentos controlados, muitas vezes sem adequada orientação médica. Medicamentos de tarja preta eram frequentemente utilizados, até mesmo por crianças. Com isso, em 2009 foi acrescentada uma nova atividade a ser realizada durante as visitas. Os jornadeiros, em posse de um roteiro previamente distribuído, fazem orientação sobre o uso correto de medicamentos, além de recolher os que não forem mais utilizados ou estiverem fora do prazo de validade.


ANÁLISES CLÍNICAS

Os jornadeiros que optam pela área de análises clínicas são aqueles que ficarão responsáveis pela parte prática do projeto, ou seja, farão a montagem e manutenção do laboratório, passarão o dia fazendo a preparação e analisando as amostras recolhidas.

Nos primeiros dias saem pela cidade fazendo a divulgação do projeto e chamando as pessoas para participarem das campanhas, às tardes participam de atividades com a população, e nos finais de semana participam das campanhas de diabetes, hipertensão, colesterol e anemia.

Para quem se identifica mais com a parte técnica, que gosta de ficar em um laboratório, a área de análises será ótima. Mas vale lembrar que essa parte demanda uma grande responsabilidade e comprometimento do jornadeiro, pois será ele quem vai dizer se a pessoa tem ou não determinada parasitose, e com isso dar as bases para que haja uma intervenção na realidade dessas pessoas, ensinando-as como melhorarem seus hábitos e com isso promover a saúde.


CAMPANHA

Um belo final de semana de verão com muito sol em plenas férias de Janeiro e você, na Jornada, logo pensa: “Hoje é dia de descansar e curtir bastante”. Mas, a vida de jornadeiro é dura e já vamos adiantando (estraga prazeres) que o final de semana é todo reservado para as campanhas da JCAFB e que essa é a hora de trabalhar em dobro. Nesses dias, todos (campo, parasito e coordenação) se unem em torno da mesma causa e ajudam uns aos outros para alcançarmos nossos objetivos.

As campanhas se dividem em duas categorias: a de diabetes/hipertensão (aberta a toda população) e a de anemia (voltada para as crianças do projeto).
As campanhas de diabetes/hipertensão são divididas nas seguintes etapas:

-recepção dos participantes: as pessoas são recebidas e respondem a um questionário onde fornecem informações gerais (nome, idade e etc) e informações mais específicas (hábitos e histórico de doenças, por exemplo);

-medidas corpóreas: são feitas medidas simples como altura e peso;

-pressão: é medido o valor da pressão arterial dos participantes;

-glicemia: é medido o valor de glicemia da pessoa;

-colesterol: é medido o valor de colesterol da pessoa;

-orientação: os jornadeiros, de posse dos resultados dos exames e das informações iniciais fornecidas no questionário, realizam um trabalho de orientação sobre as doenças (diabetes, hipertensão e colesterol) e sobre hábitos saudáveis (alimentação, atividade física e etc);

-lanche: após horas de jejum, nada melhor que um lanchinho para todos voltarem para casa felizes e de barriga cheia.

As campanhas de anemia atendem somente as crianças vinculadas ao projeto e possuem uma estrutura semelhante, porém um pouco mais simples:

- recepção das crianças: palhaços, brincadeiras de roda, lápis de cor, balões, muita bagunça e a primeira vez em que você será chamado de “tio” ou “tia”. Vale tudo para entreter e “acalmar” as crianças que estão na fila de espera;

-questionário: enquanto as crianças se divertem, as mães fornecem informações importantes para a campanha;

-exame de anemia: balinhas, palhaços, camisas de força e até o esforço de 10 jornadeiros ao mesmo tempo (recorde verídico). Fazemos de tudo para conseguirmos uma gotinha de sangue das mãos daquelas crianças;

-orientação: na campanha de anemia, o resultado é entregue e a orientação realizada na casa da família com a própria dupla de campo que os atende.

Lembrando que todas essas funções são desempenhadas pelos jornadeiros e que todos, através de rodízios, participam de todas as etapas do processo.

As campanhas, no final das contas, se tornam extremamente divertidas e gratificantes, desde o contato com pessoas tão simples e distintas de você, quanto às crianças (às vezes capetas em forma de guri) que conseguem cativar qualquer jornadeiro.